Militares Preocupados com os seus Comandados....Qual a verdadeira razão?

Hoje, alguns veículos de informação divulgaram que certos comandantes das forças militares que estão encarregadas da vigilância do complexo – tomado – do alemão e da Penha estão preocupados que os seus comandados possam ser contaminados, cooptados, por maus policiais ou até mesmo pelo “tráfico”.

A questão a discutir é o por quê desse receio? Enquanto aquartelados, os militares estão sob rédeas curtas dos seus comandantes e sujeitos à dura disciplina militar. Mas, nas ruas, nas ruas do Complexo do Alemão, estão sujeitos a todo o tipo de influência.

E por que se preocupar com essas más influências, se esses militares são tão bem formados e disciplinados? A resposta, creio, passa pela remuneração que esses profissionais recebem, que é baixa. É verdade que nos dois últimos anos houve alguma recomposição salarial para as forças armadas. Mas essa recomposição foi menos sensível em termos numéricos do que percentuais. Relativamente conceder 30% de aumento a um “Praça”, num País com inflação na casa dos 5% ao ano, parece um grande aumento real. Na verdade, em termos percentuais o é, mas em termos reais, do que se leva para casa, que paga o aluguel, compra a carne, o leite, o feijão e o arroz, continua sendo insuficiente, pouco mesmo para a missão na qual esses homens estão envolvidos. Então, eu desconfio que a insegurança do oficialato, de que seus comandados se contaminem ao permanecerem muito tempo no “Alemão” tenha isso por causa. Passe pelo medo dos bravos camaradas serem cooptados, fazerem vista grossa para os desmandos, que esses comandados, com o aval da sociedade, estão e ali para coibir. Para resolver a questão, as autoridades que tratam da questão da remuneração dos militares e policiais, precisam ter coragem política de adequadamente valorar o trabalho desse profissional. Já não é passada a hora para que isso aconteça. Somente a oferta de bons salários para policiais e militares é que se traduzirá em arma eficaz contra a corrupção.