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domingo, 2 de janeiro de 2011

As Mulheres e a História do Brasil

As mulheres em 2010 fizeram história. Tomou posse em 01/01/2011, em bela cerimônia em Brasília,  como primeira presidente eleita do Brasil, Dilma Rouseff. A nossa presidente se soma a tantas outras mulheres que, ao longo da história do País, e do mundo, vem trazendo a mulher ao lugar que ela merece na Sociedade.

Para marcar esse momento histórico, relembramos algumas das realizações das mulheres ao longo dos anos em sua saga pela igualdade, que no Brasil começa em 1822 quando a  arquiduquesa da Áustria e imperatriz do Brasil, Maria Leopoldina Josefa Carolina, que exercia a regência, na ausência de D. Pedro I, envia-lhe uma carta  exigindo que D. Pedro proclame a independência do Brasil.

Em 1827 surge a primeira lei sobre educação das mulheres. Com essa Lei as mulheres, finalmente, puderam freqüentar as escolas elementares; as instituições de ensino mais adiantado, no entanto, ainda permaneceriam, por muitos anos, proibidas a elas.

A atuação das mulheres nesse período também permite destacar  a brasileira Nísia Floresta, do Rio Grande do Norte, que em 1832 defendia mais educação e uma posição social mais alta para as mulheres, e lança uma tradução livre da obra pioneira da feminista inglesa Mary Wolstonecraft.

A situação  de exclusão de acesso à educação de mais alto nível das mulheres perdurou até 1879, quando então elas tiveram autorização para estudar em instituições de ensino superior.

Outro ponto marcante do século XIX, relativo aos avanços das mulheres em busca do seu espaço na Sociedade, veio em 1885, quando a compositora e pianista Chiquinha Gonzaga estreou como maestrina, ao reger a opereta "A Corte na Roça". Foi a primeira mulher no Brasil a estar à frente de uma orquestra. Precursora do chorinho, Chiquinha compôs mais de duas mil canções populares.

No campo da medicina, até então só admitida aos homens, em 1887 formou-se a primeira médica no Brasil: Rita Lobato Velho. Nesse mesmo ano a pernambucana Maria Amélia de Queiroz enfrentou o ridículo e proferiu palestras públicas sobre a abolição da escravatura.

Quanto à presença jurídica, em 1899  Myrthes de Campos foi admitida no Tribunal de Justiça Brasileiro, para defender um cliente.

A respeito do universal direito do voto, o movimento pela extensão desse direito às mulheres foi iniciado em 1917 pela  professora Deolinda Daltro - fundadora do Partido Republicano Feminino em 1910-. Esse direito, no entanto, tornou-se possível somente a partir da Revolução de 1930. Antes, porém, em 1927, o Governador do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, decidiu incluir em sua plataforma política a luta pelo voto das mulheres. Lei nesse sentido foi então aprovada em 25 de outubro do mesmo ano, ocasião em que 15 mulheres requereram suas inscrições. Um mês depois, o juiz Israel Ferreira Nunes mandou incluir na lista dos eleitores a professora Celina Guimarães Vianna, que se tornou a primeira eleitora não só do Brasil como também da América do Sul. No entanto, um ano depois, os votos dessas mulheres foram anulados, Mas uma conquista na eleição de 1927 foi a eleição da primeira prefeita da História do Brasil: Alzira Soriano de Souza, no município de Lages – RN.

Ainda na década 1910 -1920,  tivemos o movimento pela emancipação das mulheres. O movimento no Brasil começou em 1919 com  Bertha Lutz, que fundou a Liga para a Emancipação Internacional da Mulher. Atualmente o Senado premia mulheres que se destacam na Sociedade com o diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz

A história prossegue seu curso e em 1932 as mulheres, finalmente, conquistam, de forma definitiva, o direito de votar e serem votadas. Naquele ano, com a aprovação e promulgação do Código Eleitoral por Getúlio Vargas, foi possível o exercício do voto em todo o País sem distinção de sexos.

No campo dos esportes, temos também a primeira atleta brasileira a participar de uma Olimpíada, a nadadora Maria Lenk, de 17 anos,  que naquele ano embarca para Los Angeles. Ela é a única mulher da delegação olímpica.

Quanto à participação política, com a  promulgação do Código Eleitoral em 1932, nas eleições para a Assembléia Constituinte em 1933, foram eleitos 214 deputados e uma única mulher, a paulista Carlota Pereira de Queiroz.

Mais tarde, em 1937, há um retrocesso no reconhecimento dos direitos e participação social feminina. Naquele ano o Estado Novo criou o Decreto 3199 que proibia às mulheres a prática dos esportes que considerava incompatíveis com as condições femininas, tais como: "luta de qualquer natureza, futebol de salão, futebol de praia, pólo, pólo aquático, halterofilismo e beisebol". O Decreto só foi regulamentado em 1965.

Outro ano marcante na história foi o de 1945, com o reconhecimento da igualdade de direitos entre homens e mulheres, através da Carta das Nações Unidas.

Em 1948, depois de 12 anos sem a presença feminina, a delegação brasileira olímpica segue para Londres com 11 mulheres e 68 homens. Neste ano, a holandesa Fanny Blankers-Keon, 30 anos, mãe de duas crianças, foi a grande heroína individual da Olimpíada, superando todos os homens ao conquistar quatro medalhas de ouro no atletismo.

No ano seguinte, 1949, foram criados os Jogos da Primavera, ou ainda "Olimpíadas Femininas". No mesmo ano, a francesa Simone de Beauvoir publica o livro "O Segundo Sexo", no qual analisa a condição feminina.

Em 1951 foi aprovada pela Organização Internacional do Trabalho a igualdade de remuneração entre trabalho masculino e feminino para função igual. Esse direito, até hoje, não foi plenamente reconhecido no Brasil, havendo ainda muitos casos de discriminação salarial das mulheres em relação aos homens.

Em 1960 a tenista brasileira Maria Esther Andion Bueno torna-se a primeira mulher a vencer os quatros torneios do Grand Slam (Australian Open, Wimbledon, Roland Garros e US Open). Ela conquistou, no total, 589 títulos em sua carreira.

Em 1964 outro retrocesso para as mulheres. O Conselho Nacional de Desportos – CND proíbe a prática do futebol feminino no Brasil. A decisão só foi revogada em 1981.

Em 1971, em pleno regime militar, um grupo de mulheres liderado por Romy Medeiros se reúne no Restaurante da Mesbla, no Rio de Janeiro, para estudar uma estratégia visando comemorar um dia das mulheres, já que o Governo militar da época proibia a comemoração do 8 de março. Sugeriram a criação do dia 30 de abril, data de nascimento da pioneira Gerônima Mesquita, mineira de Leopoldina (MG) que chegou a servir na 1ª Guerra Mundial. A data passou a ser comemorada em 1980.

Em 1976, ainda no regime militar, a estilista Zuzu Angel dá um depoimento ao historiador Hélio Silva sobre a morte do filho, Stuart Angel, nos porôes da ditadura. Dois meses depois sofreu um acidente suspeito que a vitimou. Recentemente, a Comissão criada pelo Governo Federal em 1996 para avaliar as denúncias de crimes políticos visando o pagamento de indenizações às famílias das vítimas, concluiu que o acidente não teve motivação política.

Em 1977 é aprovada a lei do divórcio. Naquele ano Rachel de Queiroz é a primeira mulher a tornar-se membro da Academia Brasileira de Letras

Em 1979, Eunice Michilles  torna-se a primeira mulher a ocupar o cargo de Senadora, por falecimento do titular da vaga. Seu mandato, de 8 anos, terminou em 1987. 

Ainda em 1979, a equipe feminina de Judô inscreve-se com nomes de homens no Campeonato sul-americano da Argentina. Esse fato motivaria a revogação do Decreto 3.199.

Em 1980 é recomendada a criação de centros de autodefesa, para coibir a violência contra a mulher. Surge o lema: "Quem ama não mata".

Em 1982, Maria Esther Figueiredo Ferraz foi a primeira mulher a se tornar ministra de estado, na pasta da educação. Neste mesmo ano, nas eleições diretas para os governos estaduais, o movimento de mulheres elabora uma plataforma feminista submetida aos candidatos, que recebeu o título de Alerta Feminista, que acabou virando uma tradição. Benedita da Silva, “ mulher, negra e favelada” é eleita vereadora no Rio de Janeiro.

Em 1983 surgem os primeiros conselhos estaduais da condição feminina (MG e SP). Eles são criados para traçar políticas públicas para as mulheres. O Ministério da Saúde cria o PAISM - Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, em resposta à forte mobilização dos movimentos feministas, baseando sua assistência nos princípios da integralidade do corpo, da mente e da sexualidade de cada mulher.

Em 1985 surge a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher - DEAM (SP) e muitas são implantadas em outros estados brasileiros. Ainda neste ano, com a Nova República, a Câmara dos Deputados aprova o Projeto de Lei que criou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Ainda em 1985 é criado o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), em lugar do antigo Fundo de Contribuições Voluntárias das Nações Unidas para a Década da Mulher.

Em 1986, o Movimento de Mulheres lança a campanha "Constituinte para valer tem que ter direitos da Mulher" – é o lobby batom. No ano seguinte dá-se a criação do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro - CEDIM/RJ, a partir da reivindicação dos movimentos de mulheres, para assessorar, formular e estimular políticas públicas para a valorização e a promoção feminina.

Em 1988, através do lobby do batom, liderado por feministas e pelas 26 deputadas federais constituintes, as mulheres obtêm importantes avanços na Constituição Federal, garantindo igualdade a direitos e obrigações entre homens e mulheres perante a lei.

Em 1990 é eleita a primeira mulher para o cargo de senadora: Júnia Marise, do PDT/MG.

Em 1993 é assassinada Edméia da Silva Euzébia, líder das Mães de Acari, um grupo de nove mães que procuravam seus filhos, 11 jovens da Favela de Acari (RJ), seqüestrados e desaparecidos em 1990. 

Em 1993 ocorre em Viena a Conferência Mundial de Direitos Humanos. Os direitos das mulheres e a questão da violência contra o gênero recebem destaque, gerando assim a Declaração sobre a eliminação da violência contra a mulher.

Em 1994 Roseana Sarney é a primeira mulher eleita governadora de um estado brasileiro: o Maranhão. Foi reeleita em 1998. Novamente reeleita em 2010

Em 1996 o Congresso Nacional inclui o sistema de cotas, na Legislação Eleitoral, obrigando os partidos a inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais. Esse número hoje, por força também de lei, está em 30%, mas esse percentual de participação não tem sido alcançado nas últimas eleições.

Em 1996 também, a escritora Nélida Piñon se torna a primeira mulher a ocupar a presidência da Academia Brasileira de Letras. Neste mesmo ano, visando as eleições para prefeitos e vereadores, as mulheres se organizam em todo o País e, através do movimento Mulher Sem Medo do Poder, aumentam o número de vereadoras e prefeitas em todo o território nacional.

Em 1997 as mulheres passam a ocupar 7% das cadeiras da Câmara dos Deputados; 7,4% do Senado Federal; 6% das prefeituras brasileiras (302). O índice de vereadoras eleitas aumentou de 5,5%, em 92, para 12%, em 96.

Em 1998 outro momento histórico. A Senadora Benedita da Silva é a primeira mulher a presidir a sessão do Congresso Nacional.

Em 2005, a participação política das mulheres se traduz por: No  Executivo – 4 Ministras, no Legislativo - Senado – 9, Deputadas federais – 45, Deputadas estaduais/Distritais – 132, Vereadoras – 6555, Judiciário - STF – Supremo Tribunal Federal – 1, STJ – Superior Tribunal de Justiça – 3, TST – Tribunal Superior do Trabalho – 1 e, TSE – tribunal Superior Eleitoral - 1

2006 é o ano da Lei Maria da Penha. A lei número 11.340 é decretada pelo  Congresso Nacional e sancionada pelo presidente do Luiz Inácio Lula da Silva em 07 de agosto de 2006. Dentre as várias mudanças promovidas pela lei está o aumento no rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar.

Quanto à participação política, em 2006 foram eleitas 03 governadoras, 04 senadoras e 46 deputadas para o Congresso Nacional

E, para terminar esse texto sobre os avanços da mulher na Sociedade Brasileira, em 2010 foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil. Seu ministério, que agora se inicia,  é composto por 09 mulheres, de um total de 37 ministros. Neste ano ainda, a composição do Congresso abrange 02 governadoras eleitas, a manutenção do mesmo número de deputadas federais (46) que havia em 2006 e a eleição de 07 senadoras.

A todas as mulheres, parabéns..!
  
Referências consultadas:
http://www.nublog.com.br/exibecompleta.php?codnot=3148&pagina=9&mes=

sábado, 1 de janeiro de 2011

A Presidente Eleita do Brasil Dilma Roussef e seu Programa de Governo 2011/2014: É bom lembrar para cobrar depois.

Há poucos minutos começamos um novo ano. 2011 promete muito nas nossas vidas e também na vida do País. Mais tarde estará tomando posse a primeira presidente eleita do Brasil. O fato é inédito na história republicana e há grande expectativa sobre como será o governo da petista Dilma Roussef, que promete dar seguimento às principais políticas do governo que se encerra, do presidente Luíz Inácio Lula da Silva.

Como na política se promete muito e, nem sempre, se cumpre o que se prometeu, transcrevemos abaixo, ainda na forma preliminar, sem as inserções dos partidos da coligação que apoiaram Dilma, o seu Programa de Governo 2011/2014, conforme apresentado ao TSE.

Vamos conhecer esse Programa e lembrar para depois cobrar...Esse é um aprendizado da cidadania que, cada vez mais exercitado, garantirá governos melhores e mais comprometidos com o cidadão.

DIRETRIZES DO PROGRAMA 2011/2014

Este programa tem caráter provisório, uma vez que o definitivo deverá contemplar as sugestões de todos os partidos que integram a coligação que apóia a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República.

A Grande Transformação

1. Há sete anos o Brasil passa por uma grande transformação econômica, social e política.

2. Depois de duas décadas de estagnação ou avanços medíocres, a economia brasileira voltou a crescer. Mas esse crescimento obedece hoje a uma lógica distinta daquela do passado. Ele se faz com forte distribuição de renda, com inédito equilíbrio macroeconômico, com redução da vulnerabilidade externa e, sobretudo, com fortalecimento da democracia. Há mais de 70 anos os períodos de expansão da economia brasileira acabaram frustrando as expectativas da maioria da sociedade. Ora concentravam riqueza. Ora vinham acompanhados de surtos inflacionários. Ora produziam elevado endividamento externo e interno. Ora sufocavam a democracia.

3. A partir dos anos 90 os investimentos produtivos foram reduzidos, o país sofreu restrições no seu parque industrial, a sua infra-estrutura foi comprometida, sobretudo na área de energia e transportes. Esta política debilitou as empresas estatais, e algumas foram privatizadas.

4. Programavam o Brasil para ser um país pequeno, que teria de conformar-se com a existência de 30 ou 40 milhões de homens e mulheres para os quais não haveria espaço e acesso às riquezas produzidas.

5. No Governo Lula, o crescimento do PIB, a expansão do emprego formal, os aumentos reais do salário mínimo, as políticas de transferência de renda, o controle da inflação, a queda da taxa de juros, a ampliação do crédito, as medidas para a reforma agrária e apoio à agricultura familiar, o aumento do comércio exterior e a reconstrução da infraestrutura mudaram tudo isso.

6. Essa mudança propiciou a formação de um grande mercado de bens de consumo popular, que nos protegeu dos efeitos devastadores da crise mundial desencadeada em setembro de 2008. Proteção reforçada pela saúde de nosso sistema bancário e pelas reservas internacionais acumuladas. 

7. Diferentemente das crises externas anteriores -a mexicana, a asiática e a russa ., o Brasil pôde enfrentar com segurança os efeitos daquele que foi qualificado como o maior cataclisma financeiro após 1929.

8. Na última década do século passado, a percepção equivocada de que o mundo vivia um "novo renascimento" foi acompanhada de uma concepção igualmente equivocada sobre nosso lugar no mundo. Devíamos nos conformar a um papel secundário na cena global, a "não pretender sermos maiores do que somos".

9. O fato de havermos enfrentado com êxito o desafio de combinar crescimento, distribuição de renda e inclusão social, equilíbrio macro-econômico, redução da vulnerabilidade externa e plena vigência democrática, explica a alta visibilidade que o Brasil passou a ter no mundo. Para isso contribuiu também de forma decisiva a implementação de uma política externa ativa e altiva, que privilegiou a América Latina e o Sul do mundo, redefinindo soberanamente nossa relação com os países desenvolvidos. Sempre colocamos como prioritárias a defesa do interesse nacional e a solidariedade com os países pobres e em desenvolvimento.

10. O mundo não viveu recentemente, nem vive agora, um novo renascimento, mas um complexo período de transição. Desenha-se uma nova correlação de forças global. Entendê-Ia, definir prioridades, estabelecer alianças é essencial para construir o futuro. Foi  o que o atual Governo fez e o próximo continuará fazendo.

11. A sumária menção aos aspectos principais da Presidência Lula é fundamental para a formulação dos grandes objetivos que devem marcar o Governo Dilma.

12. Ao contrário daquela que Lula recebeu, a herança a ser transmitida à proxlma presidenta será bendita. Essa herança oferece as bases para a formulação das propostas do Programa de Governo 2010. O que até agora foi feito dá credibilidade e garantia às Diretrizes que agora apresentamos.

13. Em meio a condições difíceis, o Governo Lula realizou uma exitosa transição entre um Brasil paralisado e descrente de si mesmo, para um novo país com forte auto-estima e admirado pelo mundo.

14. A transição realizada pela gestão Lula teve como forte componente o papel do governo federal na superação das desigualdades raciais, fortalecendo a auto-estima e a identidade dos negros e negras, incluindo·os no processo produtivo com a ampliação do acesso -ao trabalho, renda e consumo; as universidades públicas e privadas; a regularização das terras de quilombos; a segurança pública; a saúde; a alimentação entre outros.  No campo das políticas públicas, a implementação das ações afirmativas propiciaram oportunidades a esse segmento que foi esquecido desde a época da abolição da escravidão.

15. O sucesso alcançado por Lula permitirá que o futuro Governo seja não somente uma continuidade do até agora realizado.

16. O Governo Lula criou as condições para um Projeto de Desenvolvimento Nacional Democrático Popular, sustentável e de longo prazo para o país.

17. O Brasil deixou de ser o eterno país do futuro.

18. O futuro chegou. E o pós-Lula é Dilma.

O crescimento acelerado e o combate às desigualdades raciais, sociais e regionais e a promoção da sustentabilidade ambiental serão o eixo que vai estruturar o desenvolvimento econômico.

19. A expansão e o fortalecimento do mercado de bens de consumo popular, que produziu forte impacto positivo sobre o conjunto do setor produtivo, se dará por meio da:

a) preservação da estabilidade econômica, elevação dos investimentos e aumento da produtividade sistêmica, via desenvolvimento da infra-estrutura logística, energética e de comunicações;
b) fortalecimento dos processos de produção, visando aumentar a competitividade nacional e agregar mais valor às exportações;
c) ampliação do emprego formal;
d) manutenção da política de valorização do salário mínimo;
e) crescimento da renda dos trabalhadores, não só pelos aumentos salariais, mas por eficientes políticas públicas de educação, saúde, transporte, habitação e saneamento;
f) aprimoramento permanente dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, para erradicar a fome e a pobreza, facilitar o acesso de homens e mulheres ao emprego, formação, saúde e melhor renda;
g) transição do Bolsa família para a Renda Básica de Cidadania -RBC, incondicional, como um direito de todos participarem da riqueza da nação, conforme prevista na lei 10.853/2004, aprovada por todos os partidos no Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 8 de janeiro de 2004;
h) expansão do programa Territórios da Cidadania;
i) intensificação dos esforços para ampliar a inclusão previdenciária e o fortalecimento do trabalho formal, dando prosseguimento à desburocratização, à melhoria do atendimento aos aposentados e pensionistas e ao reforço da previdência pública;
j) expansão e facilitação do crédito popular, especialmente para os segmentos de baixa renda;
k) intensificação dos assentamentos e apoio técnico aos assentados;
I) continuar, intensificar e aprimorar a reforma agrária de modo a dar centralidade ao programa na estratégia de desenvolvimento sustentável do país, com a garantia do cumprimento integral da função social da propriedade;
m) fortalecer a política integrada e diferenciada para o desenvolvimento sócio-economico e cultural dos assentamentos;
n) continuar e aprimorar as políticas de fortalecimento da agricultura familiar e da agroindústria familiar e instituir vigoroso programa de produção agro-ecológica;
o) estímulo ao cooperativismo e outras formas de economia solidária, fortalecendo o papel da economia solidária nos programas de ação do governo;
p) fortalecer política de incentivo ao cooperativismo de agricultura familiar e economia solidária como uma estratégia de desenvolvimento sustentável do país, redução da pobreza e geração de renda;
q) ampliar as Políticas de Promoção da Igualdade Racial com o fortalecimento das ações afirmativas realizadas pela SEPPIR, Fundação Palmares e SECA0, incrementando suas estruturas do ponto de vista técnico, político, institucional, orçamentário e financeiro. Deve-se, também, reafirmar a transversalidade dos programas voltados aos quilombos, a comunidades de terreiros, aos indígenas e ciganos, destacando os jovens e mulheres negras.
r) continuar e aprimorar as políticas de fortalecimento do agro-negócio;
s) priorizar uma Reforma Tributária para o aumento da competitividade das nossas empresas. Essa reforma deverá simplificar os tributos, desonerar a folha de salários, garantir a devolução automática de todos os créditos a que as empresas têm direito, e acabar com toda e qualquer tributação sobre o investimento. Deverá ainda contemplar uma legislação nacional única para o ICMS com alíquotas iguais para os mesmos produtos em todo o país.

Investimentos, crédito, ciência e inovação tecnológica a serviço de um novo desenvolvimento

20. As possibilidades abertas para a sociedade com os grandes avanços científicos e tecnológicos, combinadas com a necessidade de expansão do mercado interno e a dura competitividade global, que a crise acentuou, exigem uma profunda transformação do sistema produtivo. Essa mudança já foi iniciada em muitos setores. Deve prosseguir a abordagem sistêmica, indutora e focada nas demandas das cadeias produtivas nacionais e do consumo. É necessário ampliar a articulação entre os diversos planos de desenvolvimento, como os PAC 1 e 2, com outros planos setoriais e das empresas estatais.

21. Para tanto, será necessário:

a) aprofundamento das políticas creditícias para o setor produtivo por parte do BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNB e BASA. Os bancos devem orientar-se para a produção e o consumo, a custos cada vez menores, de modo a promover o emprego e a renda em um quadro de estabilidade monetária. É necessário incentivar a participação privada por meio de empréstimos e o incentivo ao mercado de capitais;
b) apoio à internacionalização das empresas brasileiras, garantido o interesse nacional e respeitada a soberania e as leis das nações;
c) fortalecimento da EMBRAPA, priorizando a agricultura familiar e as suas atividades para estratégias da soberania alimentar e nutricional do país e para a cooperação cientifica no campo das pesquisas agropecuárias com os países em desenvolvimento;
d) flexibilização da proteção a direitos relativos à propriedade intelectual sobre cultivares ou variedades vegetais no âmbito de programas públicos direcionados à segurança  alimentar e nutricional da população brasileira;
e) revisão dos procedimentos, composição e alvos estratégicos da CTNBio;
f) fortalecimento da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial para que desempenhe, no setor industrial, papel semelhante ao da EMBRAPA no campo;
g) fortalecimento da APEx;
h) ampliação da inclusão digital, banda larga acessível a setores populares e difusão dos avanços científicos e tecnológicos;
i) articulação dos Ministérios de Ciência e Tecnologia, Educação, MDIC, Agricultura e Pecuária, Desenvolvimento Agrário, Aquicultura e Pesca, Universidades e Institutos científicos com setores empresariais para, por meio da FINEP e de outras instituições, implementar e aprofundar políticas industriais e agrícolas que dêem ênfase à inovação nas pequenas, médias e grandes empresas, nas iniciativas de economia solidária e em empreendimentos agroindustriais;
j) fortalecimento do Ministério Desenvolvimento Agrário -MDA, como estratégia de
Desenvolvimento Rural Sustentável.
k) ampliação da desconcentração do sistema de ciência e tecnologia no território nacional;
I) exercício do poder de compra do Estado para a indução da demanda nacional de ciência, tecnologia e inovação;
m) implantação de projetos de desenvolvimento científico e tecnológico com países desenvolvidos e com os da América do Sul, África e outras regiões, a exemplo do que foi
feito com a 1V Digital e do que vem sendo proposto na área de Defesa;
n) construção de mecanismos para que os investimentos estrangeiros sejam vinculados à efetiva e inovadora transferência de tecnologia e possam promover a atração de centros
internacionais de pesquisa e desenvolvimento para o Brasil.

Infra-estrutura para impulsionar o desenvolvimento agrícola, industrial e comercial do país

22. A elevação das taxas de crescimento, que deverá marcar o Governo Dilma, exigirá a conclusão das obras do Plano de Aceleração do Crescimento. O PAC-l e o que estará no PAC-2 acentuarão a competitividade da economia brasileira mas, sobretudo, propiciarão consideráveis melhorias das condições de vida dos brasileiros.  Ênfase especial será dada na:

a) construção de novas hidrelétricas para fazer frente aos desafios da aceleração do crescimento, nos marcos de uma política energética baseada em fontes renováveis e com respeito ao meio ambiente;
b) desenvolvimento de novos pólos de energia eólica e solar;
c) exploração dos recursos do Pré-Sal, que fortalecerão a auto-suficiência do país em hidro-carbonetos, dando continuidade à crescente nacionalização da exploração e da produção;
d) criação, a partir do Pré-Sal, de uma poderosa indústria de fornecimento de bens e serviços e de produtos derivados do petróleo e petroquímicos. A agregação de valor ao petróleo e ao gás do Pré-Sal e a constituição de um Fundo Social que apoie políticas sociais, educacionais, ambientais, científico-tecnológicas, culturais e de combate à pobreza são as garantias contra a "maldição do petróleo";
e) continuidade da reconstrução e ampliação da rede ferroviária, rodoviária, aeroportuária e da navegação costeira, melhorando as condições de vida da população e agilizando a circulação da produção;
f) ampliação das redes de silos e armazéns, que garanta a segurança alimentar da população e favoreça as exportações;
g) conclusão das obras do Projeto São Francisco e de trabalhos complementares que permitam a recuperação do rio e de seus afluentes, a irrigação de terras, o abastecimento de água potável;
h) ampliação de portos e aeroportos, para atender às exportações e, sobretudo, aos desafios da realização da Copa do Mundo de Futebol e dos jogos Olímpicos e do crescimento exponencial do turismo nacional e internacional.

Melhor condição de vida nas cidades brasileiras

23. O governo Lula avançou de maneira extraordinária na relação com os municípios brasileiros, seja pela criação do Ministério das Cidades, seja pela atuação da Secretaria de Assuntos Federativos. O PAC-l e, especialmente, o PAC-2, dão importância às questões urbanas. Esse é também o objetivo do programa Minha Casa, Minha Vida. É fundamental ampliar a ação do governo federal, em parceria com estados e municípios, no combate à degradação acentuada das condições de vida nas cidades brasileiras, sobretudo naquelas de grande porte. Para que as cidades sejam um bom espaço de vida, é preciso garantir segurança, acesso à moradia digna, ao saneamento, à educação, ao transporte público  de qualidade, à cultura e à informação, ao lazer e aos esportes. Essas iniciativas, somadas ao planejamento urbano, reduzirão a vulnerabilidade de nossas cidades frente às catástrofes naturais.

24. O Governo Dilma, respeitando as competências constitucionais dos entes federativos e em articulação com eles, centrará seus esforços nas seguintes iniciativas:

a) fortalecimento e democratização da mobilidade urbana, por meio da ampliação de linhas de metrô, VLT e corredores de ônibus;
b) continuidade da melhoria e ampliação das redes ferroviárias;
c) saneamento ambiental básico: universalização do abastecimento de água, da coleta e tratamento de esgoto, da coleta e destinação final do lixo e da drenagem urbana;
d) novos planos urbanísticos e habitacionais, com intervenções especialmente concentradas em áreas de favelas;
e) programas de recuperação de áreas degradadas e de prevenção de acidentes em áreas de risco;
f) ampliação das ações do PRONASCI, visando dar maior efetividade às polícias locais no combate ao crime, por meio de cooperação entre os níveis de Governo;
g) incentivo à constituição de consórcios intermunicipais, especialmente para sistemas regionais de saneamento, segurança, saúde, transporte e desenvolvimento econômico;
h) criação de espaços de lazer e cultura, com valorização de áreas de convivência, entretenimento e fruição cultural.

Um desenvolvimento ambientalmente sustentável

25. O desenvolvimento econômico deve ter como premissa a sustentabilidade ambiental. Perpassa todas as políticas do Governo. Estará presente em nossas opções energéticas, industriais, agrícolas, de transporte, habitação, educacionais e científico-tecnológicas, todas favorecendo um Brasil mais verde.

26. As posições do Brasil na recente Conferência sobre a Mudança do Clima, em Copenhague, onde apresentamos a mais avançada proposta de redução de emissões, dão ao atual e ao futuro Governo a credibilidade necessária em matéria de desenvolvimento  sustentável.

27. Além das medidas apresentadas em outros itens destas Diretrizes, cabe destacar:

a) consolidação da mudança de paradigmas para promoção do desenvolvimento sustentável da Amazônia e ampliação para os demais biomas brasileiros;
b) intensificação de políticas integradas para o combate ao desmatamento;
c) consolidação do Sistema Nacional do Meio Ambiente -SISNAMA
d) adequação da matriz energética brasileira com ampliação da produção e do uso de energias limpas e renováveis;
e) promoção de políticas de uso eficiente da energia, com inovação tecnológica e combate ao desperdício;
f) fortalecimento da legislação ambiental brasileira;
g) ampliação dos programas específicos para proteção e uso sustentável da biodiversidade brasileira;
h) aperfeiçoamento da gestão integrada dos recursos hídricos nacionais;
 i) priorização de ações de planejamento para a promoção de políticas urbanas e ambientais integradas;
j) fortalecimento das iniciativas internacionais para implementação de um novo acordo global que amplie as ações para o enfrentamento do processo de mudanças climáticas;
k) estímulo de pólos industriais nas áreas de biotecnologia.

Educação de qualidade, ciência e tecnologia para construir uma sociedade do conhecimento

28. O Governo Lula tomou importantes iniciativas para a educação brasileira. Criou o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (FUNDEB), ampliando a participação da União no financiamento da educação, desde a creche até o ensino médio e a universidade e com o apoio aos estados e municípios, quando foi o caso. Retomou a garantia de 18% do orçamento para a educação, pondo fim à DRU e assegurando o direito de acesso à escola para todos brasileiros entre 4 e 17 anos. Fez da educação para pessoas com deficiência uma política de Estado. Dobrou o número de escolas técnicas e criou Institutos Federais Tecnológicos. Com vistas à melhoria da qualidade da educação básica, estabeleceu o piso salarial nacional e programas de formação continuada. Ainda assim, esses avanços precisam ser acompanhados nacionalmente de melhorias na qualidade da educação.

29. No ensino superior estarão funcionando, até o fim do ano, 16 novas universidades públicas e 131 novos campi. Por meio do PROUNI, foram criadas oportunidades para que mais de 500 mil jovens de baixa renda pudessem ter acesso ao ensino superior.

30. Os investimentos do Governo em ciência e tecnologia explicam o 130 lugar que o Brasil passou a ocupar na produção científica mundial.

31. Mas a educação exige urgência. Urgência para preparar os milhões de cientistas e técnicos que o desenvolvimento do país já está exigindo. Mas, principalmentet urgência para constituir uma cidadania que possa tomar em suas mãos o desenvolvimento econômico, político e cultural do país.

32. A sociedade que se está constituindo é uma sociedade do conhecimento. Para alcançá-Ia e garantir condições de competitividade global será necessário:

a) erradicação do analfabetismo no país;
b) garantir a qualidade da educação básica brasileira;
c) promover a inclusão digital, com banda larga, produção de material pedagógico digitalizado e formação de professores em todas as escolas públicas e privadas no campo e na cidade;
d) expandir o orçamento da educação, ciência e tecnologia e melhorar a eficiência do gasto;
e) consolidar a expansão da educação profissionalt por meio da rede de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia;
f) tornar os espaços educacionais lugares de produção e difusão da cultura;
g) construir o Sistema Nacional Articulado de Educação, de modo a redesenhar o pacto federativo e os mecanismos de gestão;
h) aprofundar o processo de expansão das universidades públicas e garantir a qualidade do conjunto de ensino privado; 
i) ampliar programas de bolsas de estudos que garantam a formação de quadros em centros de excelência no exterior! capazes de atrair estudantes! professores e pesquisadores estrangeiros para o Brasil;
j) dar prosseguimento ao diálogo com a comunidade científica, como fator fundamental para definir as prioridades da pesquisa no país.
k) fortalecimento da política de educação do campo, e ampliação das unidades escolares assegurando a educação integral e a profissionalização.

O SUS deve garantir acesso universal e de qualidade aos serviços de saúde

33. A melhoria das condições de saúde do povo brasileiro, nos últimos anos, explica-se tanto pela expansão das ações e dos serviços garantidos pelo SUS, como pelo crescimento econômico e pela implementação das políticas sociais durante o Governo Lula.

34. O SUS promove o controle de epidemias e endemias, da qualidade da água e dos alimentos. Produz medicamentos e regula sua produção. É o maior programa de imunização do mundo e realiza ampla assistência à saúde da população.

35. Iniciativas como o SAMU, o Programa Brasil Sorridente, a Política de Assistência Farmacêutica! o Programa Farmácia Popular, a expansão de cobertura das equipes de Saúde da Família e a implantação das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), têm grande importância. Merece destaque a aprovação da Emenda Constitucional nO 51, que regularizou os vínculos de trabalho dos mais de 500 mil agentes comunitários de saúde e de controle de endemias.

36. Persistem, no entanto, grandes déficits no setor, cuja superação passa pela consolidação do SUS, como sistema universal, democrático e integral. Para tanto será necessário:

a) conformar um Sistema Nacional de Saúde, com a definição dos papéis dos setores público e privado e das responsabilidades dos gestores federais, estaduais e municipais e da rede prestadora de serviço (Lei de Responsabilidade Sanitária);
b) aumentar os recursos públicos para o setor da saúde;
c) priorizar a regulamentação e fiscalização da aplicação da Emenda constitucional29/2000;
d) extinguir a DRU para a saúde.
e) ressarcir o SUS por atendimentos públicos dispensados aos usuários de planos e seguros de saúde e fortalecer o monitoramento, avaliação, controle e regulação do setor;
f) melhorar a gestão dos serviços do SUS por meio de novos métodos e tecnologias, principalmente para as unidades públicas de saúde;
g) atender plenamente às necessidades qualitativas e quantitativas de recursos humanos do setor de saúde no Brasil, inclusive com a ampliação do aparelho formador;
h) assegurar direitos trabalhistas e previdenciários aos trabalhadores do setor, reconhecendo as diversidades regionais e implantando novas carreiras estratégicas, em articulação com estados, municípios, com critérios meritocráticos de seleção e de promoção;
i) propiciar financiamento suficiente e estável para hospitais da rede pública e credenciada do SUS;
j) garantir eqüidade no atendimento prestado pelos hospitais públicos, proibindo-se o credenciamento dessas instituições pelo sistema de planos e seguros de saúde;
k) ampliar as equipes de Saúde da Família, as UPA, Salas de Estabilização e o SAMU, garantindo a todos os brasileiros a atenção básica e de média complexidade, inclusive emergências;
I) articular a rede de prestação da atenção básica com as redes de serviços de atenção secundária e terciária, incluindo o acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento de alta complexidade, e às internações hospitalares;
m) fortalecer o controle sanitário sobre os medicamentos;
n) enfatizar a inovação, produção e distribuição nacional de medicamentos, para reduzir a dependência externa;
o) ampliar investimentos na qualidade e humanização da prestação de serviço;
p) realizar mobilização nacional para enfrentar epidemias e pandemias;
q) promover ampla mobilização institucional e da sociedade para combater o consumo de drogas, sobretudo na juventude;
r) articular com outros ministérios, estados e municípios ações transversais e intersetoriais sobre temas como acidentes de trabalho e de trânsito, violência decorrente do uso de armas e drogas, todas elas apontadas como importantes causa mortis de amplos setores da população, especialmente de jovens.

Desenvolvimento Social

37. A incorporação do conceito de desenvolvimento social está entre as principais conquistas do governo do presidente Lula. As políticas sociais, agora com status de política pública, ganham um papel fundamental no processo de transformação do país, rompendo com falsas dicotomias ou relações de submissão entre social e econômico. Ambos passam a ter relação de complementaridade. Assistência social é reconhecida como direito de cidadania e dever do Estado.

38. Essa concepção reflete um traço marcante de um projeto nacional formado no campo democrático e popular e pautado pelo mais vigoroso conceito de justiça social que promova a verdadeira conciliação com os pobres, com o povo, com vigorosos impactos na realidade brasileira. Pelos cálculos da Fundação Getúlio Vargas, 24 milhões de pessoas deixaram a pobreza entre 2003 de 2009. O mercado interno, mais fortalecido pelo poder de compra dos mais pobres, permitiu ao país enfrentar a crise econômica mundial de cabeça erguida, sem conseqüências mais graves para nossa economia.

39. Esses resultados precisam ser mantidos a médio e longo prazo, para evitar retrocessos, e ainda temos de considerar o peso da dívida social acumulada por mais de 500 anos. Por isso, as políticas sociais precisam ser trabalhadas numa perspectiva de médio e longo prazo e estar presentes de forma enfática no Programa Dilma Presidente. A decisão de priorizar o combate à fome, desde o primeiro mandato do presidente Lula é um desafio ético, moral e político que se impõe à nossa geração e precisa ser reafirmado. Estamos vencendo a fome, a pobreza e a desigualdade. É uma conquista histórica a ser confirmada pela manutenção, pelo aperfeiçoamento e pela ampliação dos programas sociais, parte integrante, permanente e fundamental do projeto de emancipação do povo brasileiro.

40. Esse aperfeiçoamento deve apontar para a consolidação da ampla rede de proteção e promoção social, que tem no Bolsa Família seu programa articulador.

41. Isso implica em ações voltadas para:

a) reforço institucional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome como espaço integrador de políticas sociais, consolidando os sistemas articulados com o Bolsa Família, o SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e SISAN (Sistema Nacional de  Segurança Alimentar e Nutricional); 
b) promoção e reforço da intersetorialidade das políticas públicas efetivamente voltadas para inclusão social, articulando e somando esforços e sinergias em várias áreas do governo;
c) avançar na perspectiva de ações integradas no território como espaço articulador e integrador das políticas sociais, especialmente na periferia das regiões metropolitanas e das grandes cidades;
d) normatização jurídica das políticas sociais, com vistas à consolidação da legislação social.

Acesso à comunicação, socialização dos bens culturais, valorização da produção cultural e estímulo ao debate de idéias

42. A imensa maioria da sociedade brasileira está privada do acesso aos meios de produção e fruição dos bens culturais da humanidade. Noventa por cento das cidades não possuem salas de cinema. Muitas não têm bibliotecas, teatros ou centros culturais. Apesar dos avanços dos últimos anos, a maioria da população brasileira conta, como único veículo cultural e de informação, com as cadeias de rádio e de televisão, em geral, pouco afeitas à qualidade, ao pluralismo, ao debate democrático. É preciso fortalecer políticas de indução às indústrias criativas e suas cadeias produtivas que integram o conjunto da economia da cultura.

43. Modernas tecnologias, como aquelas ligadas à Internet, além das TVs públicas, têm permitido um arejamento cultural e político que pode compensar o monopólio e concentração dos meios de comunicação.

44. O aprofundamento da democracia brasileira passa por uma forte circulação de idéias, pelo livre acesso aos bens culturais de toda a humanidade e pela possibilidade de expressão de nossa diversidade cultural, das manifestações populares às de vanguarda.

45. Para tanto será necessário:

a) ampliação da rede de equipamentos, como centros culturais, museus, teatros e cinemas, política que deve estar articulada com a multiplicação dos pontos de cultura, representando amplo movimento de socialização cultural;
b) implementação do Plano Nacional de Cultura e do Sistema Nacional de Cultura;
c) expansão dos programas de estímulo ao consumo e difusão de bens culturais, como o Vale Cultura;  
d) transformação das escolas, sobretudo de nível médio, em verdadeiros centros de cultura, com programas espedficos de arte-educação;
e) iniciativas que estimulem o debate de idéias, com o fortalecimento das redes públicas de comunicação e o uso intensivo da blogosfera;
f) ações de proteção do patrimônio nacional material e imaterial e de acesso às grandes manifestações da cultura nacional e da humanidade;
g) descentralização dos recursos para regiões tradicionalmente menos beneficiadas pela política cultural;
h) leis de incentivo à cultura que garantam controle público sobre o uso dos incentivos fiscais;

46. Políticas de Igualdade Racial: O Partido dos Trabalhadores catalisou nas últimas décadas os anseios do movimento negro, protagonizado pela Marcha Zumbi dos Palmares pela Vida e Cidadania (realizada em 1995 e 2005) no que diz respeito ao desenvolvimento de políticas de governo visando responder a Constituição Federal, a Declaração e Programa de Ação de Durban, e a Convenção Internacional contra todas as formas de discriminação Racial. Nesse sentido, impõe-se à nova gestão dar continuidade a implementação das Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Direitos humanos e proteção de homens, mulheres e jovens

47. A despeito dos importantes logros na proteção e ampliação dos Direitos Humanos no Brasil, há um longo caminho a ser percorrido nesta direção. Mantêm-se a violência policial, exercida sobretudo contra pobres, jovens e negros, e as tentativas de criminalizar a pobreza e os movimentos sociais. O sistema prisional, muitas vezes, realimenta a deliquência. Ainda que minoradas, persistem formas de discriminação em relação a mulheres, crianças, negros, índios, pessoas com deficiência e aos LGBTT.

48. Caberá ao novo Governo:

a) promover, por meio de ações políticas em todas as esferas do Governo, a igualdade entre mulheres e homens;
b) aprofundar a transversalidade da política de Direitos Humanos nas políticas setoriais para promoção e garantia dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais; 
c) coordenar iniciativas da União, dos demais entes federativos e da sociedade para a proteção integral dos direitos da criança e do adolescente;
d) ampliar políticas de direitos básicos ao trabalho, moradia, alimentação, saúde e educação e o acesso à justiça e à cidadania, beneficiando comunidades remanescentes de quilombos, indígenas, assentamentos rurais, trabalhadores ameaçados de aliciamento de mão-de-obra escrava e periferias das grandes cidades;
e) ampliar as iniciativas do PRONASCI para permitir mudanças substantivas nas polícias estaduais com a incorporação crescente da problemática dos Direitos Humanos na formação policial e em suas práticas cotidianas;
f) articular com os estados e com o Poder Judiciário para promover ampla reforma do sistema prisional brasileiro, dando prioridade a aplicação de penas alternativas;
g) maior proteção legal e administrativa a segmentos socialmente discriminados e maior severidade na repressão às formas de discriminação;
h) abertura dos arquivos e implementação da Comissão da Verdade;
i) ampliar ações afirmativas no setor educacional e em outras esferas da sociedade;
j) prosseguir as políticas de apoio aos brasileiros no exterior e aos estrangeiros no Brasil;
k) fortalecer a atuação internacional do Brasil na defesa dos Direitos Humanos, nas Nações Unidas, OEA, UNASUL e Mercosul.

A dimensão estratégica da juventude para um novo desenvolvimento

49. Compreender a situação da juventude e reconhecer sua dimensão estratégica significa criar as condições para formar uma geração capaz de disputar e dar continuidade aos avanços políticos, sociais, econômicos, culturais, científicos e ambientais que o país necessita. O Brasil tem hoje 52 milhões de brasileiros e brasileiras com idade entre 15 e 29 anos. Trata-se, portanto, da maior oportunidade para converter o bônus demográfico em fator para o desenvolvimento como questão estratégica. Além disso, a juventude é o contingente mais afetado pela gravidade das desigualdades sociais. O desafio deve tornar-se oportunidade de uma vida melhor para os jovens de hoje e para o conjunto da sociedade amanhã. O Estado deve garantir às classes populares as mesmas condições e oportunidades que os jovens mais abastados têm para viver sua juventude. 

50. A implementação da Política Nacional de Juventude, a partir de 2005, fez com que o poder público no Brasil traduzisse em atos concretos, na dimensão institucional -com a criação do Conselho e da Secretaria Nacional de Juventude -, a concepção de que os jovens são sujeitos de direitos, ao reconhecer especificidades nas demandas juvenis.

51. O governo Dilma assumirá o sentido estratégico da juventude, impulsionando reformas democráticas e populares que garantam a integração das novas gerações ao processo democrático e ao projeto de desenvolvimento sustentável.

52. Para tanto, será necessário:

a) articular ações que combatam o ingresso precoce e em condições precárias dos jovens no mundo do trabalho com políticas educacionais e programas de transferência e geração de renda, formação e qualificação profissional;
b) promover uma reforma político-pedagógica no ensino médio, fortalecer as políticas de permanência nas instituições de ensino e de assistência estudantil;
c) Promover ações de cultura, saúde, mobilidade urbana, moradia, esporte e lazer de forma integrada e articulada na Política Nacional de Juventude, tendo como eixo o jovem e o território, contemplando as juventudes e as diversidades regionais, étnico-raciais, de gênero e culturais;
d) Instituir um Sistema Nacional de Juventude, financiado de maneira regular e permanente, que articule ações do Governo Federal, estados e municípios, e que combine o atendimento das demandas emergenciais e especificas às políticas estruturantes de gestão democrática e instancias adequadas à coordenação de uma política nacional que integre as ações e programas de diferentes áreas do governo.

Fortalecer o Estado e construir a igualdade para aprofundar a autonomia econômica, política e social das mulheres.

53. Tendo em vista o papel da divisão sexual do trabalho como base da opressão sobre as mulheres, o Estado deve assumir sua responsabilidade na construção de políticas que alterem as desigualdades de gênero. O terceiro governo do PT deve ter como eixo estruturante do seu programa, a construção da igualdade entre mulheres e homens. As políticas devem também contribuir por desconstruir a cultura machista e patriarcal, que aprofundam a desigualdade e exclusão social das mulheres.

54. Garantir a autonomia pessoal e o direito ao trabalho: A independência econômica é uma das condições para a emancipação das mulheres e do seu direito pleno ao exercício da cidadania. O crescimento da presença das mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas é extremamente positivo, embora ainda se realize em condições muito desiguais, especialmente no que tange à remuneração salarial, que entre as mulheres negras chega a cerca de 60% a menos do que os homens brancos.

55. Fortalecer a institucionalidade existente para garantir e avançar uma política de igualdade: A construção de políticas que afirmam a igualdade será possível ao serem incorporadas pelo conjunto das ações do governo, por isto o fortalecimento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres deve ser ampliada e assegurada, e assim aumentar o alcance de suas ações na implementação e aprofundamento das diretrizes e ações dos Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres (I e II PNPM).

56. Combater a violência contra as mulheres como uma ação do Estado: A ação do governo Lula nos últimos sete anos tem demonstrado que o Estado pode cumprir um importante papel no combate à violência contra as mulheres e a cobrança da tão necessária implementação pelos demais entes federativos e poderes constituídos de suas diretrizes, mostra o compromisso ideológico e cultural do governo democrático popular com a luta das mulheres. Avançar nesta política inovadora e ampliar o seu alcance, enquanto política de Estado exigirá uma institucionalidade à altura destes desafios.

57. Promover a saúde da mulher, os direitos sexuais e direitos reprodutivos: O Estado brasileiro reafirmará o direito das mulheres ao aborto nos casos já estabelecidos pela legislação vigente, dentro de um conceito de saúde pública.

58. Garantir e ampliar a participação das mulheres nos espaços de poder e de decisão: Promover e fortalecer a participação igualitária, plural e multirracial das mulheres nos espaços de poder e decisão, com vistas a uma mudança cultural na sociedade, à formação de novos valores e atitudes em relação à autonomia e protagonismo das mulheres, a exemplo do que demonstrou as duas conferências nacionais de políticas para as mulheres.

59. Assegurar a reforma política como um instrumento eficaz para que as mulheres, historicamente excluídas da esfera pública e dos espaços de decisão, rompam com o mecanismo perverso que as têm levado à subordinação e opressão.

Democracia, fortalecimento do Estado democrático de Direito e do Pacto Federativo

60. Nos anos 90, o Estado brasileiro passou por um processo que comprometeu sua soberania e eficácia.

61. A desorganização do Estado foi acompanhado pela implantação de uma estrutura jurídica e administrativa que, em muitos casos, dificulta investimentos públicos e o atendimento eficaz das necessidades da população.

62. O atual governo multiplicou concursos públicos e os planos de carreira para prover a administração federal de um serviço público de qualidade e profissional submetido a processos meritocráticos de seleção e promoção.

63. A ação da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal foi fundamental para desmantelar redes de corrupção na União, estados e municípios e na iniciativa privada.

64. As particularidades da estrutura federativa brasileira têm muitas vezes dificultado o correto enfrentamento de questões relacionadas com a segurança, saúde, educação ou a proteção de populações ameaçadas por desastres naturais.

65. Respeitando prerrogativas que são próprias do poder Legislativo, a realização de dezenas de Conferências Nacionais permitiu auscultar a sociedade brasileira que, em sua diversidade, ofereceu importantes subsídios para orientar as opções do Governo. Elas reforçam a democracia participativa.

66. Essas medidas terão de ser complementadas por uma reforma política capaz de dar mais transparência aos partidos políticos e aos processos eleitorais, com financiamento público de campanhas eleitorais;

67. Finalmente, o fortalecimento das empresas estatais e da ação governamental na economia, deu ao Governo uma maior capacidade de planejamento estratégico, indispensável em momentos de crise e de transição global.

68. A ação do Governo Dilma privilegiará:

a) o fortalecimento do Estado, sua democratização mediante a constituição de um serviço público de alta qualidade;
b) a constituição de um novo arcabouço jurídico-administrativo[ que sem prejuízo à austeridade, probidade e controle sobre os gastos públicos seja coerente e afinado com o Projeto Nacional de Desenvolvimento democrático e popular bem com a nova realidade mundial, fortalecendo o combate à corrupção e permitindo a todos os entes federativos melhores condições para a recuperação da capacidade do Estado cumprir seu papel perante a sociedade;
c) o prosseguimento, por meio da Controladoria-Geral da União, da AGU e da Polícia Federal de ações de combate à corrupção;
d) um grande Pacto dos entes federativos para encaminhar iniciativas conjuntas no enfrentamento de questões cruciais como o do bom funcionamento do SUS, qualificação do sistema educativo, segurança e melhoria do sistema prisional;
e) o fortalecimento da participação popular, com maior integração entre mecanismos de democracia participativa locais e estaduais com o sistema nacional, dando ênfase às conferências nacionais para subsidiar políticas públicas e iniciativas do Legislativo;
f) fortalecimento das empresas estatais e do planejamento estratégico da economia, ampliando as atuais funções do Ministério do Planejamento.

Política de Segurança Pública

70. O crescimento internacional do crime organizado -especialmente o tráfico de drogas e de armas -coloca desafios importantes para o atual e para o próximo Governo. Independentemente de medidas internas, o Brasil optou por fortalecer nossa cooperação internacional no enfrentamento desses e de outros delitos.

71. Para dar conseqüência a essas orientações, o Governo Dilma:

a) fortalecerá a cooperação internacional no combate às drogas, sobretudo no marco do Conselho para esse fim criado na UNASUL;
b) aprimorará o controle de fronteiras e a cooperação bilateral para frear a ação do crime organizado transnacional;
c) melhorará a cooperação da PF com as policias estaduais no combate ao narcotráfico e ao tráfico de armas;
d) fortalecerá o PRONASCI e as UPP's;
e) prosseguirá em seu esforço de fortalecimento da Polícia Federal.
f) garantirá o compromisso das Forças Armadas com a democracia e com os direitos humanos, sua efetiva subordinação ao Poder Civil através do Ministério da Defesa, como a adequada combinação entre a disciplina inerente ao exercício das atividades militares e as relações democráticas que devem marcar a sociedade moderna;
g) criar o Fundo Constitucional de Segurança Pública para, progressivamente, instituir e subsidiar o piso salarial nacional das policias civis e militares até 2016, quando os Estados da Federação passarão a ser responsáveis integralmente pelo cumprimento do piso.
h) Estender de forma completa, o PRONASCI para os 27 Estados brasileiros.

Defesa Nacional

72. A Estratégia Nacional de Defesa, aprovada em 2009, renovou as concepções que regem nossas Forças Armadas em sintonia com as novas problemáticas que vivem o Brasil e o mundo.

73. A partir dela foi possível dar efetividade à constituição do Ministério da Defesa, sob comando civil. Às FFAA cabe a defesa do território, nos marcos do respeito à sua função constitucional e aos Direitos Humanos. Foi possível também iniciar importante processo de renovação de nossas Forças Armadas, que se encontravam fortemente sucateadas.

74. Adotou-se o princípio de produzir no Brasil, em associação com outros países, o armamento necessário para proteger o território nacional nos marcos de uma concepção dissuasiva de defesa. A soberania de nossas decisões e a transferência de tecnologia são critérios fundamentais para o relacionamento internacional de nossas FFAA.

75. Para tanto, o Governo Dilma;

a) dará continuidade ao fortalecimento institucional do Ministério da Defesa e à criação de carreiras civis para sua gestão;
b) dará prosseguimento ao processo de modernização e valorização das Forças Armadas, em consonância com as determinações da Estratégia Nacional de Defesa;
c) dará ênfase particular à constituição de uma importante indústria nacional de defesa, em articulação com países da América do Sul e de outras regiões;
d) participará das iniciativas do Conselho Sul-americano de Defesa e de missões internacionais em conformidade com o Direito Internacional e as leis brasileiras.

Presença do Brasil no mundo

76. A Política Externa do Brasil tem profunda incidência em nosso Projeto Nacional de Desenvolvimento. Ela busca a defesa do interesse nacional e se nutre de valores como o multilateralismo, a paz, o respeito aos Direitos Humanos, a democratização das relações internacionais e a solidariedade com os países pobres e em desenvolvimento.

77. Tem dado especial ênfase à integração da América do Sul, ao fortalecimento da unidade latino-americana, às relações com África, à reforma das Nações Unidas e dos organismos multilaterais, e à construção de uma ordem econômica internacional mais justa e democrática.

78. Foram esses princípios, somados ao correto enfrentamento das questões nacionais, que deram ao Brasil um lugar de grande relevância no atual cenário internacional.

79. Para dar continuidade e aprofundar essas conquistas, o Governo Dilma:

a) fará, em associação com os demais países, avançar o processo de integração do Mercosul, resolvendo divergências e pendências e fortalecendo sua institucionalidade;
b) contribuirá política e institucionalmente para a consolidação da UNASUL, de suas políticas de integração física, energética, produtiva e financeira. Fortalecerá o Conselho de Defesa Sul-americano e o Conselho de Combate às Drogas. Ênfase especial será dada à redução das assimetrias na região, por meio da cooperação industrial, agrícola e comercial;
c) empenhar-se-á na conclusão da Rodada de Doha, que favoreça os países pobres e em desenvolvimento e, no âmbito do G-20, na reforma já iniciada do FMI e do Banco Mundial, contribuindo para a aplicação de políticas anticíclicas que permitam a retomada do crescimento e, sobretudo, o combate ao desemprego no mundo;
d) fortalecerá nossa intervenção no IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e nos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China);
e) dará continuidade ao diálogo com os países desenvolvidos -Estados Unidos, Japão e União Européia. Com a U.E., da qual somos parceiros estratégicos, impulsionaremos iniciativas para promover um acordo com o Mercosul;
f) estará presente na busca de solução de conflitos que ameacem a estabilidade mundial, como é, particularmente, o caso do Oriente Médio, onde manterá diálogo com todos os atores buscando uma alternativa de paz; 
g) manterá e fortalecerá sua presença no Haiti -com a concordância do Governo daquele país -para garantir a estabilidade, nos marcos do mandato da ONU, e contribuir decisivamente para reconstrução nacional;
h) continuará em seu esforço para democratizar as Nações Unidas, particularmente seu Conselho de Segurança.

Brasília/DF, 03 de julho de  2010

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